O secretário-geral do PS promete se for primeiro-ministro não aumentar impostos, nem criar qualquer programa de despedimentos na função pública, mas não se compromete com uma redução da carga fiscal, numa entrevista ao Expresso Diário.
Em entrevista parcialmente divulgada hoje na primeira edição do Expresso Diário (será publicada na íntegra na edição semanal do Expresso), o secretário-geral socialista reitera a necessidade de o país "mudar de rumo", sublinhando que, apesar da "boa notícia da saída" do programa de ajustamento "o país está pior". Ainda assim, à exceção do IVA na restauração, Seguro não se compromete com qualquer redução de impostos, alegando que não sabe em que estado irá 'receber' o país. A única promessa que deixa é: "Não haverá aumento da carga fiscal". E que não despedirá funcionários públicos.
Quanto às eleições europeias de 25 de maio, António José Seguro diz-se muito preocupado com a abstenção, mas continua sem apontar objetivos concretos além de "ganhar" e recusa que a continuação na liderança do partido esteja dependente dos resultados.
Schulz na baixa de Lisboa com a primeira linha do PS
O candidato socialista a presidente da Comissão Europeia, Martin Schulz, percorreu hoje a baixa de Lisboa ao lado de António Costa e de António José Seguro, fazendo visitas a espaços culturais e elogios à mentalidade investidora norte-americana. "Nos Estados Unidos, se um jovem investidor é bem-sucedido, está tudo bem; se é mal sucedido, tudo está bem na mesma, porque tenta uma próxima vez. Na Europa, se um jovem não tem sucesso no seu projeto, fica com a marca do falhanço. Temos de mudar esta mentalidade", declarou.
O dirigente social-democrata germânico e atual presidente do Parlamento Europeu, teve sempre a companhia do cabeça de lista do PS às eleições europeias, Francisco Assis, e encontrou-se na livraria Bertrand, no Chiado, com o ensaísta Eduardo Lourenço, simbolicamente o último suplente da lista europeia do PS.
Depois, uma nota de humor, após elogiar a criatividade inerente a muitos projetos tecnológicos desenvolvidos por jovens que formam micro e pequenas empresas, o dirigente social-democrata germânico fez uma analogia com o seu caso pessoal perante as eleições do próximo dia 25. "Se votarem por Seguro ou por Assis, estão a votar em mim. O meu capital de risco são os votos", disse, provocando risos às candidatas socialistas Maria João Rodrigues, Ana Gomes e Elisa Ferreira.
Numa iniciativa em que também estiveram presentes vários eurodeputados cessantes do PS - casos de Correia de Campos, Edite Estrela e Capoulas Santos -, assim como diversos dirigentes socialistas (Miguel Laranjeiro e Carlos Zorrinho, também número três da lista europeia), o presidente do Parlamento Europeu, que foi livreiro nos anos 70, demonstrou em diversas ocasiões um conhecimento profundo sobre a obra de alguns dos mais conceituados escritores portugueses.
Logo no início da visita, quando entrevistado por jornalistas alemães, Martin Schulz falou-lhes sobre Camões, mas, principalmente, sobre Fernando Pessoa. Já em conversa com Eduardo Lourenço, depois visitar uma parte da exposição fotográfica na rua Garrett sobre o dia 25 de Abril de 1974, o social-democrata alemão contou que foi testemunha da enorme abertura literária registada em Portugal nos primeiros anos de democracia. "Em 1975, um amigo meu editor contou-me que estavam a disparar as encomendas de livros de Marx e de Engels para Portugal e que as livrarias se multiplicavam aqui em Lisboa", referiu.
Antes de partir para o Porto juntamente com Francisco Assis, o candidato socialista a presidente da Comissão Europeia visitou a Fundação Saramago, no Campo das Cebolas, onde também revelou um profundo conhecimento da obra do prémio Nobel da Literatura, destacando, em particular, a sociedade que é descrita no livro "Claraboia". Martin Schulz prestou ainda atenção a um vídeo de um debate parlamentar a propósito da atuação do Governo [de maioria absoluta PSD] em relação ao livro de José Saramago "Evangelho Segundo Jesus Cristo", no qual o socialista Jaime Gama aparece a fazer uma intervenção crítica em relação ao então secretário de Estado da Cultura Sousa Lara.
António Costa encarregou-se de situar Martin Schulz no tempo: "Isto passou-se quando o Presidente da República, Cavaco Silva, era primeiro-ministro", disse.
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