Bagão: com OE2013, depósitos perdem dinheiro
Ex-ministro das finanças critica opções do Governo e recorda que nas crises de 1978 e 1983 foi possível travar a fundo porque não havia créditos
O ex-ministro das finanças criticou esta terça-feira a proposta de Orçamento do Estado para 2013 e apontou alguns exemplos das opções do Governo: com os depósitos, por exemplo, e o aumento da taxa liberatória para 28% (aumento de 3 p.p.), Bagão Félix teme que os portugueses percam dinheiro com as suas poupanças. E recordou a necessidade de aumentar a poupança nos bancos, para que haja mais dinheiro disponível a circular na economia.
Este é um dos exemplos que Bagão Félix trouxe ao «Jornal das 8», depois de ter já criticado na semana passada o aumento do IRS patente na versão preliminar. Para o ex-ministro, a subida é um «terramoto fiscal», com consequências graves na economia nacional. A retração no consumo, considera, poderá provocar uma septicémia generalizada, que pode levar à morte do doente.
Para limitar os danos na parte fiscal, Bagão Félix aconselhava o Governo a incluir no Orçamento do Estado a necessidade de recuperar da evasão fiscal. O economista não se refere ao aumento da evasão fiscal previsível com o aumento dos impostos, mas antes à recuperação de 15 mil milhões de euros em impostos (8% do PIB) que o Estado deixa fugir. «Só em dívidas fiscais, prescrevem mil milhões de euros todos os anos», explicou, sublinhando que os portugueses «sentem que quem paga é sempre o mesmo. Aqueles que não podem pôr o dinheiro nos paraísos fiscais».
Sobre a retração do consumo, e as crises de 1978 e 1983, Bagão Félix aponta um diferença crucial: «Na altura não havia crédito à habitação ou crédito ao consumo e por isso as pessoas travaram a fundo no consumo». Mas agora «e depois do Estado ter incentivado à compra de casa, como é que isso se faz?»
fonte:http://www.agenciafinanceira.iol.pt