Urgências eliminam refeições nocturnas
Vários hospitais públicos estão a deixar de fornecer ceias aos profissionais de saúde que se encontram a fazer urgência. A crise e o programa de ajustamento económico-financeiro têm sido invocados para justificar a medida.
O Centro Hospitalar Barreiro/Montijo é um dos exemplos mais recentes. Uma circular, com data de 17 de Fevereiro, informava que a partir de dia 20 do mesmo mês deixariam de ser fornecidas as refeições nocturnas.
Perante esta situação, o Sindicato Independente dos Médicos (SIM), em comunicado, já veio alertar os médicos para o facto de a refeição nocturna (que, por norma, é composta por uma sandes, uma bebida e uma peça de fruta) estar contemplada no ponto 2 da Cláusula 48 do Acordo Colectivo de Trabalho: «O trabalhador que prestar trabalho no período nocturno tem direito ao fornecimento gratuito de uma refeição ligeira, quente, ou subsídio de refeição no valor de 2,85 euros». Nesse sentido, o SIM aconselha os médicos a verificarem o recibo de vencimento, para confirmarem se passam a receber o referido montante.
Os cortes nas ceias têm-se multiplicado pelo país, como já se verifica na Maternidade Alfredo da Costa, no Hospital de Cascais, no Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia/Espinho, na Unidade Local de Saúde de Matosinhos, no Hospital S. João ou no Centro Hospitalar Lisboa Central. Já no Centro Hospitalar do Porto a ceia deixou de ser de distribuída e, em contrapartida, passou a ser atribuída uma senha com um valor de dois euros.
Mário Jorge Neves, da Federação Nacional dos Médicos (FNAM), mostra-se indignado com esta situação, em particular porque «quem está a trabalhar 12 horas, durante a noite, não pode ausentar-se da urgência para ir comer alguma coisa fora do hospital». Pilar Vicente, da FNAM, conta ao SOL que no Centro Hospitalar Lisboa Central em vez da ceia passaram a dar só pão e critica a forma como a entrega é feita: « É pouco dignificante, parece que estão a atirar milho aos pombos; distribuem as carcaças num saco plástico e deixam aquilo a um canto». «Deviam distribuir no bar, onde sempre tínhamos uma faca para abrir o pão e pôr lá dentro alguma coisa», acrescenta.
Segundo a FNAM, alguns hospitais estão também a cortar nos reforços alimentares nos blocos operatórios. Em alternativa, foram instaladas máquinas onde se pode comprar comida e bebida.
fonte:http://sol.sapo.pt/i