A venda de automóveis até agosto disparou face a 2013, mas está muito longe dos valores atingidos em 1999. As empresas e rent-a-car representam a maior percentagem, por causa do turismo e renovação de frotas.
A venda de automóveis entre janeiro e agosto deste ano registou uma subida de 35,7% face a igual período do ano passado. Foi a maior subida da Europa, logo seguida pela Irlanda, que foi de 30,1%, de acordo com dados da Associação dos Construtores Automóveis Europeus (ACEA).
Mas, as pessoas não desataram a comprar carros. A maior fatia dessa percentagem corresponde à aquisição de automóveis por empresas ou rent-a-car, que "fizeram a renovação de frota, algo que já não faziam há algum tempo", explica o secretário-geral da ACAP, Hélder Pedro, acrescentando que "os consumidores privados só recentemente começam a ter algum peso nessa percentagem".
O secretário-geral da ANECRA, Neves da Silva, explica este crescimento "com o aumento do turismo nos últimos dois anos, e é fundamental para as empresas de rent-a-car ter frotas capazes de dar resposta, o que terá um peso de cerca de 25% no total das vendas, e, por outro lado, as empresas, que não faziam renovação de frota há mais de três anos".
Os dois responsáveis são unânimes ao dizer que esta subida é brutal, quando comparada com o ano anterior, ou mesmo 2012, mas é importante verificar a venda de automóveis teve uma quebra mais acentuada entre 1999 e 2012 [ver infográfico].
Neves da Silva refere ainda que "na Irlanda a quebra nas vendas também foi muito acentuada durante esta crise, daí o aumento brutal este ano". Acrescenta ainda que "em Espanha essa quebra não foi tão grande, porque o Governo decidiu manter as políticas de apoio a abate de veículos em fim de vida, o que suportou o mercado. A Alemanha terá tido uma queda de 1%, logo as subidas não serão grandes".
Em Portugal, os incentivos ao abate de veículos terminou em 2010, e, segundo Neves da Silva, o fim desse apoio "teve um impacto negativo nas vendas, mas também no ambiente e na sinistralidade".
"O parque automóvel em Portugal está envelhecido A idade média era de 8 anos em 2010, mas atualmente está nos 11,5 anos. Quando antes da crise se pensava em trocar de automóvel de cinco em cinco anos, agora é de 15 em 15".
Em termos ambientais, "os carros mais antigos são mais poluentes, e quanto à sinistralidade é notório que um carro velho não dá as mesmas garantias de segurança que um novo", sublinha.
Nos números das vendas de automóveis, Neves da Silva salienta que se deve contar também com as reexportações, isto é, com a venda para outros países, com mais poder económico, de automóveis que foram importados e que seriam inicialmente para vender em Portugal. "Os consórcios e vendedores, quando não os conseguem vender no nosso país, para assegurar a faturação e cumprir objetivos, preferem vender os carros, mesmo não sendo reembolsados pelos impostos. Perdem, mas ganham algum".
fonte:http://www.dinheirovivo.pt/