Os genéricos que ficam mais baratos a partir de amanhã
Depois dos medicamentos de marca terem sofrido uma redução média de 4% este mês, em Maio será a vez dos genéricos.
A partir do próximo dia 1 de Maio os medicamentos genéricos vão ficar em média 20% mais baratos. Esta quebra de preços vem na sequência da revisão do preço dos medicamentos de marca, que viram os preços descer 4% em média este mês. É que de acordo com a legislação, uma vez calculado o novo preço do remédio de marca, o genérico equivalente terá de ficar 50% abaixo desse preço.
Feitas as contas, há genéricos que sofrem um corte superior a 20 euros por embalagem: é o caso da Pravastatina, para o colesterol, ou da Gabapentina, usado para o tratamento de epilepsia.
A redução de preços é uma boa notícia para os doentes, que poupam na factura da farmácia e também para o Estado, que reduz a despesa pública com medicamentos. Mas nem todos saem a ganhar. Do outro lado da equação está a indústria farmacêutica que tem vindo a alertar para os riscos das sucessivas baixas de preços. "Desde do final de 2008, os genéricos já sofreram uma descida média de preços na ordem dos 60%", diz Paulo Lilaia, presidente da Associação Portuguesa de Medicamentos Genéricos (Apogen). Dados do Infarmed, a autoridade que regula o sector do medicamento, avançados na semana passada pela Lusa, mostram que os genéricos atingiram em Janeiro o valor mais baixo dos últimos cinco anos, custando em média 8,51 euros, contra 20,38 euros em 2007 (-58%).
"Vão existir medicamentos com um preço tão baixo que não haverá outra alternativa senão retirá-los do mercado", alerta Paulo Lilaia, "e acredito que isso possa acontecer até ao Verão", prevê.
O barato pode sair caro
Se um medicamento genérico (a molécula) desaparecer do mercado os médicos terão de receitar uma alternativa ao doente. E a alternativa será seguramente mais cara, garante Paulo Lilaia.
A opinião é partilhada pelo antigo bastonário dos farmacêuticos, Aranda da Silva: "Todos os anos as empresas deixam cair medicamentos, porque deixam de ser economicamente rentáveis e essa tendência vai agravar-se". Aranda da Silva, que também já dirigiu o Infarmed critica a pressão sobre o sector dos medicamentos "que estão a contribuir com mais de 50% para a redução da despesa do Serviço Nacional de Saúde, quando só contribuem para um quarto da despesa". E deixa o alerta: "As regras de determinação da revisão anual dos preços de medicamentos de referência [de marca] e de genéricos são uma ameaça grave à sustentabilidade de vários sectores do mercado".
fonte:http://economico.sapo.pt/n